domingo, 3 de fevereiro de 2008

O canibalismo e o julgamento.

As coisas entre pessoas, as coisas estranhas, a crueldade, a justiça, a música, o filme...
Podia dissertar sobre tantos assuntos! Mas agora não sei...

Assisti a esse filme muito interessante: O Canibal.
Interessante pq: a atuação do canibal é muito intrigante; a história é bizarra, chocante, polêmica e muito boa; as razões para tudo o que aconteceu são diversificadas de pessoa a pessoa; é um fato real. Está claro agora?

A única coisa que consegui tirar de toda essa 'experiência' (roubando o pensamento da minha irmã) é: como uma pessoa consegue matar algo que tem alma? Talvez por um lapso momentâneo, quem lê esta pergunta não identifica os animais irracionais (mas não insensíveis) como sendo seres com alma. Mas a questão se aplica a outros animais: as pessoas, animais supostamente racionais e sensíveis (no sentido dos sentidos e não da emoção).

Dá para entender a raiva, a ira, o sofrimento, a necessidade, o impulso, mas não a completa crueldade e agressividade.

Atacar outras pessoas é quase tão irracional qto um rinoceronte atacando uma gazela! Nenhum dos predadores precisa da presa, mas atacam em um gesto de pura maldade e frieza.

Para esses "predadores do mal", há uma pena muito bem dada. E, como minha irmã mais velha costuma dizer, uma certa hora, a vida cobra fatura, e não há mal que não seja sanado.

Mas como julgar, na justiça "onisciente", uma pessoa que não comete um crime por cometer? Penso mais precisamente na pessoa que inspirou o filme, Armin Meiwes. Ele matou e comeu um homem. Para muitos, um crime bárbaro. Mas, vendo os fatos, um crime triste. Se foi real a emoção posta nos atos do assassino e do assassinado, só posso pensar que esse não bem foi um crime, mas sim dois loucos se ajudando. Partindo da idéia que Bernd Jürgen Armando Brandes, a vítima, queria ser comida e estava em comum acordo com as ações de Meiwes, não posso dizer que foi algo puramente criminoso. Foi incrivelmente bizarro, mas, como futura psiquiatra, não posso me posicionar em relação ao fato como uma mera espectadora, mas analisando o interior do ação e dos envolvidos.

Sabe-se que ambos tiveram uma vida dura, e eram, desde pequenos, atormentados pelas próprias mentes. Sabe-se tb que Armin Meiwes não matava por matar, não abusava das vítimas, ou melhor, não abusou da vítima, e somente matou Bernd Brandes pq este estava ciente do que aconteceria e quis ser canibalizado e morto.

Frente aos fatos (não suposições), como julgar as ações do canibal em questão?
Sendo uma vítima consciente e vários distúrbios de personalidade envolvidos?
Não o defendo, pois como já disse, não se mata coisas que possuem alma. Mas o canibal era doente realmente e não puramente cruel.

Sei que não é de mim que deveria ser esperado isso, mas... eu o perdôo. Como cidadã do mundo e ser vivo e humano, eu o perdôo porque sei de sua incapacidade de distingüir o real do imaginário, o certo do errado, o ato racional do irracional. Eu o perdôo, porque sei que nem todos podem controlar seus distúrbios. Eu o perdôo, porque não poderia ser eu ali. Eu o perdôo porque ele deu chances para que todos os demais saíssem ilesos de seus desejos, porque ele só mataria se você assim o quisesse. ... Por que eu não o perdoaria? Por que você não o perdoaria?

Trabalharei com coisas que muitos podem considerar bobagens, presenciarei cenas e fatos bizarros que exigem compaixão e racionalidade. Por que eu não o perdoaria? ...


#TEORIA DE HOJE: Se todos olhassem para suas próprias vidas, analisassem suas próprias ações e enxergassem seus próprios podres, seria mais fácil perdoar e compreender os defeitos das outras pessoas.

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