terça-feira, 14 de abril de 2009

Feliz Dia das Crianças!

Não, eu não estou louca!
Guarde seu comentário "Que isso, Kayla?! Parece que bebe! Dia das Crianças é só 12 de outubro!", e leia o seguinte post com a mente aberta e o coração escancarado, pois pretendo invadir suas entranhas, banhar-me com seu sangue, extrair de seu ser aquilo que estava guardado há sei-lá-quanto tempo e jogá-lo no mundo! (Se eu não conseguir isto, perdoem-me minha pretensão exacerbada! =D)

Escrevi isto aqui enquanto ouvia o cd Hopes and Fears, da banda inglesa Keane, e deu tão certo que em certos momentos tive vontade de chorar. Mas ler esse texto ao som desta incrível banda não é obrigação, só uma sugestão... E aí? Aceitam? =D (Se sim, entrem neste link e ouçam de graça pela rádio uol: http://b.radio.musica.uol.com.br/radio/index.php?ad=on&ref=Musica&busca=keane&param1=homebusca&q=keane&check=artista )



+ Um dia, há muitos meses, quando eu fazia terapia com uma terapeuta muito simpática e sorridente, passei por uma sessão de relaxamento que, eu não sabia com antecedência, mas mudaria minha perspectiva quanto a alguns assuntos importantes da minha vida.

Entre frases como "você deve ser seu melhor amigo" e "você precisa relaxar seu corpo todo agora", a voz que saía do micro system e chegava a meus ouvidos me disse palavras as quais, francamente, não me lembro muito bem (hêhê =P), mas das quais retirei uma mensagem que nunca esquecerei: deve haver conexão entre a sua criança interior e a pessoa que você é, física e psicologicamente, hoje. E por essa criança interior pode-se entender que seja você (ou eu, ou seus pais...) em sua forma mais pura, mais livre; em sua essência.

Você pode ler o que eu acabei de escrever e pensar "Hummm... ok... e isso te marcou porque... ...?". ¬¬ Bem, vou explicar.

- Com o passar dos anos, vamos nos afastando cada vez mais de "nossas crianças" e, do jeito que as coisas no mundo moderno são, isso é até meio óbvio. Mas o que esquecemos é que é a "nossa criança" que nos dá o sentido para vivermos. Ela que nos faz achar aquele filme tão bobo da Sessão da Tarde, que passa há 500 natais, tãããão legal que vemos toda vez que passa. Ela que nos transforma em criançonas quando vamos a um parque de diversões ou a um clube ou a um jogo (de futebol/vôlei/poker/baralho/dama/etc, qualquer coisa legal com pessoas legais). Ela que nos faz rir de situações patéticas do cotidiano; que nos faz rir de pessoas caindo nas Videocassetadas; que nos faz achar mó barato ganhar ovos de Páscoa ou ursinhos de pelúcia.

Enfim, "nossa criança" é aquela parte de nós que aproveita a leveza da vida e anda por aí livre, otimista e destemida.

Por que é tão difícil para nós, às vezes, nos conectarmos com a nossa criança interior? Por que aquilo que o mundo faz de nós e aquilo que tomamos como parte de nossos seres é sempre mais forte que aquilo que somos puramente? Pessoas ficam amargas, violentas, traumatizadas, melancólicas, nostálgicas, agitadas, estressadas, "griladas", neuróticas, ansiosas. Por que é tão difícil ceder à alegria, à maneira pura (?) de nossa aura de bon vivant?


Bem, posso chutar que as pessoas podem ser condicionadas a tais sentimentos. Uma vez, uma pessoa muito querida minha disse a outra pessoa muito querida minha que me disse que tudo é uma questão de condicionamento. Oras, não condicionamos somente nosso físico, mas também nosso psicológico, e o frenesi do século XXI é a droga do momento, ele sim é a tendência da moda. A frieza, o cinismo, a pressa, a efemeridade, a distância, o tratamento de "todos são descartáveis", a depressão, a morte prematura, tudo isso é fruto de nosso estilo de vida atual. E nem sempre fomos assim! Sim, sim, já fomos piores, ou talvez sejamos uma forma sofisticada do que éramos antes, com nossas guerras e genocídios e bombas atômicas. Mas não é do nós como sociedade que estou falando, falo do nós como indivíduos, como pessoas singulares, como crianças com contas bancárias e calos nos dedos.

Posso tirar a única pessoa que conheço mais de 60% - e bem menos de 100%! - como exemplo: eu! =D Há uma diferença muito grande, que quase posso ouvir dentro de mim, entre esta Kayla que vos fala (esta que vos acusa) e aquela tal criança Kayla da qual falei antes.

Às vezes, passo a mão na cabeça da criança Kayla e digo a ela que tudo vai dar certo, que o mundo é cruel, as pessoas não ligam e que ela irá se machucar, mas que tudo vai se encaixar eventualmente. Eu a encorajo a sorrir, eu a deixo chorar, eu seguro a sua mão e a guio, quase que com cerca elétrica ao redor, por este mundo de meu Deus. Eu a divirto e a distraio dos horrores do que acontece lá fora (do outro lado da porta/da janela, nos apartamentos vizinhos, no quarto ao lado).

Alguém poderia me dizer "Você deveria deixá-la viver a vida lá fora, para que ela se acostume e não sofra tanto com os machucados". Mas vou lhe dizer só, senhor você que me diz para educar minha criança no mundo: se eu a deixar sair, vivenciar os crimes morais que ocorrem lá fora, como espero viver o resto de minha vida, se o meu único pedaço de inocência for ferozmente devorado pelo mundo-cão, que está mais para Cérbero que para labrador? Eu preciso dela, tanto quanto você precisa da sua e nem se dá conta! "Nossas crianças" são nossas fontes de imaginação dentro da realidade, as asas que tiram nossos pés do chão, o que nos permite ser sem medo, sentir sem medo, falar sem medo e caminhar sem medo, brincando e chutando as pedras do caminho. =}




#TEORIA DE HOJE: Devemos libertar "nossas crianças" das garras do século XXI, da globalização, da economia, da política, dos telejornais, e dar-lhes Mickey e Pato Donalds, brinquedos e sorvete. Leve sua criança interior para passear! Afinal, quanto tempo você realmente dedica a ela?? Relaxe, jogue tudo para o alto e brinque com ela hoje! xD




Though I would not take it personally
It's just the child in me
Who never really knew how much I had

{ Soul Asylum - Homesick }