sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sobre vida e morte.

Intrigante o ato de envelhecer.

Quando observo idosos, vejo pele, cabelos, ossos, músculos e voz envelhecidos. Intrigante este fenômeno natural que nos descaracteriza do corpo juvenil. Simplesmente o corpo passa a funcionar de forma reduzida naturalmente. Começa a falhar e a precisar de cuidados extra. A pele murcha e enruga como uma planta sem raiz. O corpo cansa facilmente. Pulmões, coração,
intestino, bexiga e músculos esqueléticos não funcionam mais como outrora, deixando um misto de agonia e cansaço na pessoa envelhecida.

Aí depois entra outra personagem (tão ou mais) intrigante na existência dos que vivem: a morte. Seu beco escuro ergue paredes às vezes altas demais ao redor dos que dela se aproximam. Quanto mais ela chega perto, mais o fio da vida parece afilar. As cores perdem a intensidade, os astros perdem o brilho, o corpo perde o eqüilíbrio e, por fim, o ser perde a vida. Desse espetáculo natural, sinto curiosidade. Já assisti a diversos filmes nos quais alguém morre. Seja por morte-matada ou por morte-morrida (só há pouco tempo consegui enxergar a distinção entre tais e não tomar suas denominações como algo somente engraçado).

Como será morrer? Como será sentir o sopro da existência abandonar seu corpo e então não mais viver? Óbvio que faço estas perguntas agora, mas não lembrarei com precisão destas quando minha hora chegar - e não falo somente da hora tida como natural e inevitável. O que há depois desta vida que habita minha carne e me faz 'corpo e alma'? Existe o túnel e a luz que devo seguir? Eu simplesmente renasço em outra vida? Eu sinto o momento de inexistência ocorrer? Eu tenho consciência de tal momento? Como me comporto no "entrevidas"? Se não ocorre a reencarnação, o que acontece depois que morremos? Há Céu, inferno, limbo e purgatório? Há Deus, Satã, anjos e demônios? Há trompetes celestiais e trombones bestiais? O que há, enfim, neste caminho pós-desconforto físico?

Sabem o que mais me intriga - não me apavora - e me excita neste assunto? O fato de eu nunca, em toda a minha existência, poder responder a tais perguntas! Nós, mortais, somente especulamos. E dentro deste poço de dúvidas, vêm a mim outras, adentrando a ficção: o que há no pós-morte de um vampiro? Sabemos de sua maledicência e de sua essência infernal, então, enquanto seu corpo paira no mundo mortal, onde sua alma eterna habita no período entre sua existência vampírica e sua morte completa? Para tais, existe reencarnação? Ou suas almas eternas estão para sempre condenadas antes e depois da morte propriamente dita? Só os seres com destino indefinido, como nós, têm a oportunidade de viver de novo? Sendo que, organicamente, o vampiro não exatamente vive, ele experimenta da chance de "estar" novamente? Ou sua alma eterna está para sempre presa à morada bestial?


Rum (não a bebida, mas a interjeição; falada de modo calmo e reflexivo, não efusivo). Adoro questões que não posso responder. Possuo um leque de outras tantas mal-organizadas em minha mente que não consigo externar. Estranho fascínio, porém, este que tenho por assuntos negros. Do mais brando e real, que é a morte, aos mais pesados e obscuros, como as idéias de Céu e inferno, de como chegamos nestes lugares e como deles podemos sair.




#TEORIA DE HOJE: Que, de fato, não podemos prever a hora em que a morte se aproximará com seus minutos precisos e fatais, não podemos negar, a não ser que a provoquemos em nós mesmos ou nos outros. Mas encerro este post de hoje sem uma teoria puramente minha, mas com palavras e idéias alheias que me chamaram atenção e das quais corroboro sem dúvidas. Eis aqui um trecho da fala do personagem Tod, do filme Premonição (o primeiro filme, do avião e tudo mais, muito melhor e mais original do que todos os outros de premonição do gênero suspense/terror que já assisti), horas antes de morrer de forma intrigante, inesperada e
inevitável (uma das melhores cenas de morte em que já pude botar estes meus olhos mortais!). Aproveitem.


Au revoir, camaradas.


"Mas quando nós dizemos isso, nós imaginamos que a hora se encontra em um futuro obscuro e distante. Nunca nos ocorre que ela pode ter qualquer ligação com o dia que já começou ou que a morte pode chegar nesta mesma tarde. Esta tarde... que é tão certa... e que tem todas as horas preenchidas com antecedência."