terça-feira, 28 de outubro de 2008

A arte de andar 'meio caminho'.

Há! Lendo meus posts antigos, vi que no "Solidão e Felicidade Tântrica" eu disse que terminaria de ler o livro O Segredo, o qual comecei... li seis páginas... e parei! =D E, apesar de ter dito que continuaria lendo, adivinhem só?! Não li!! hahahahaha =P

Isso realmente me fez pensar nas coisas que eu comecei e não terminei, e nas muitas outras que comecei, quis parar, mas uma incrível força interna (presente em 30% dos meus dias) me fez continuar. E não falo somente de livros, mas de esportes que fiz na época de escola, trabalhos sociais ou não que idealizei, garotos que gostei, textos que comecei a fazer, conversas que pensei em ter... Enfim! Percebi, subitamente, que minha vida existe como uma peneira, cheia de buracos, cheia de coisas deixadas de lado para depois ou para nunca mais!...


Só para ilustrar este fato (que bem julgo ser horrível!), vou citar os livros que estão na minha lista de "a terminar":
- O Cão Dos Baskerville (da série de histórias do Sherlock Holmes. Muito bom, por sinal...)
- O Homem Que Sussurrava aos Hummitas (sobre um caso de ufologia muito bem trabalhado em um estudo científico, com pitadas de empirismo, mas que não perde sua credibilidade por isso...)
- Jornada Nas Estrelas - Memórias (mate-me! =X Tenho esse livro há séculos, sou louca pela série, adorei o pouco que li do livro, mas não consegui terminar ainda!!...)
- Lucíola (gostei, sinceramente, mas esse livro vai acabar virando o moderador dessa lista, de tanto que ele vai ficar aqui!! Admito, não digo que nunca, mas dificilmente terminarei de lê-lo...)
- A Desobediência Civil (apaixonante para os apaixonados pela filosofia anarquista e interessante para os que possuem ambição intelectual)
- O Senhor Dos Anéis (a versão "bíblia" =P, um "combo" dos três livros que originaram os filmes. Muuuito melhor que os filmes, e olha que estes são do caramba! Digo melhor porque o livro é mais detalhado e nos transporta para a Terra Média de maneira quase real.)
- Os Crimes do Amor (histórias bacaninhas do Marquês de Sade, mas que não consigo terminar... algo me impede... não sei bem o quê! =P )
- Enquanto o Amor Não Vem (rapaz, é livro de auto-ajuda sim, mas é muito legal. O pouco que li me disse coisas bem certas - que admito já ter pensado antes, mas isso não importa -, e olha que eu sou fiel seguidora do movimento anti-auto-ajudas! =} )
- ... talvez haja até mais livros, mas agora lembro-me somente destes e de mais um outro sobre anarquismo que esqueci o nome, portanto não falarei mais nada sobre.



... Uau... a lista não é pequena!... Não é grande também, mas não exatamente me deixa orgulhosa! =B


O fato é que, terminar coisas é algo complicado, precisa de determinação, o que, pelo visto, eu não tenho muita! hahaha ;P Mas, para não deixar só a minha "não fome por leitura" na berlinda, citarei os esportes que estão na minha lista de "fiz e por algum motivo parei":
- Handball (até gostava, foi o que pratiquei por mais tempo - 6 meses. aêêêê! \o/ =P )
- Natação (gosto até hoje, apesar de não nadar muito, e sou boa nisso. Devo ter praticado por uns... 5 meses)
- Xadrez (ganhava todas nos treinos, perdi todas nas competições...¬¬ Bosta. Pratiquei por uns 3 meses)
- Balé (isso é esporte?? Se for, então o handball perde para ele em tempo - 2 anos. oooohhh!! ;P )
- Judô (hihihihihihihihi. Fiz uma aula e parei. Encanei com o professor e com a minha incapacidade de fazer o tal do "rolamento"... Isso é que é perseverança!! =} )


Bicho... pensando bem, acho mesmo que minha recorrente desistência não é algo tão ruim assim! (E não estou sendo condescendente comigo mesma!) Acredito ser essa desistência uma externalização do meu desprezo por rotina! Sinto-me tão terrivelmente presa quando sigo uma rotina que sempre dou um jeito de mudar. Seja um corte novo de cabelo, seja uma maquiagem diferente, seja um Halls diferente, até sair atrasada para a universidade serve! Essa análise me leva a crer que o fato de eu não terminar coisas se deve a meu desgosto por coisas que se repetem periodicamente.

Vejamos bem. Quando praticamos um esporte, precisamos treinar os movimentos repetidas vezes a fim de melhorá-los; quando lemos um livro, precisamos nos prender à história do começo ao fim, compreendendo-a sem sair de seu eixo; quando idealizamos um projeto (seja de trabalho ou de vida, seja juntar dinheiro para comprar uma bicicleta [que infantil¬¬] ou juntar atributos para conquistar um garoto [que Capricho¬¬] ), nós precisamos nos dedicar à execução de tal inteiramente, sempre analisando os fatos e oportunidades até obter o resultado desejado, ou as chances de tudo dar errado são grandes.

Aí você pode vir e dizer "Mas, Kayla, tudo isso é por um bem maior, que vai além da repetição de movimentos, da atenção à história ou da devoção ao projeto! Esses pequenos rios que corremos desembocam em um mar de possibilidades e realizações!"... ...E você não estaria errado! Mas até chegar ao mar que você diria existir, teríamos que remar repetidas vezes ou dar não-sei-quantas braçadas! E é esse ponto de repetição que figura nas rotinas.

Mas nem tudo está perdido! ;P
Há um jeito, meus caros leitores que detestam rotina tanto quanto eu, de passar por todas as experiências sem descartá-las antes de seu término! Como? Bem, posso dizer que é até bem simples.

Voltando à analogia dos rios e do mar... Enquanto estamos 'correndo' rio abaixo, pensamos que devemos remar, remar, remar (ou nadar, nadar, nadar) até chegar ao mar, mas, se pensássemos mais um pouquinho, veríamos que podemos, em determinado momento, dar um chegadinha na margem do rio e lá ficar por um tempo! Isso resolve parte do problema, certo? Então... devemos contar também com os riscos da descida: o rio pode ter piranhas; o rio pode ter muitas pedras; o rio pode ser cortado por uma pequena cachoeira; ao se encontrar com o mar, o rio pode realizar a pororoca (hahahahahaha. tá bom, viajei. ;P );...

Transportando a analogia para a realidade, um judoca pode, por exemplo, sofrer uma contusão em uma luta e ficar sem lutar por algum tempo, bem como a garota pode juntar seus atributos e depois descobrir que o carinha que ela queria conquistar está ficando com outra garota... Mas nem por isso, o judoca ou a garota devem desistir. Também não deve desistir o judoca que nunca se contundiu ou a garota que tenta, tenta, tenta, mas ainda não conseguiu o que queria. Basta o judoca treinar novos movimentos, mesmo sem o treinador mandar, e a garota dar um tempo nas investidas, começar a conhecer o garoto de fato e, quem sabe, arranjar uma brecha nisto.




#TEORIA DE HOJE: Perseverar é um verbo largamente usado em livros de auto-ajuda ou em conselhos dados 'de você para mim', mas não é uma coisa que está tão presente assim em nossa realidade. Pode ser que você seja um desistente porque não viu mais graça na rotina ou porque simplesmente cansou de esperar por resultados que parecem nunca vir, mas há sempre uma forma de seguir pelo rio inteiro e chegar ao mar, mesmo que por uns momentos seja muito entediante e que por outros pareça um infortúnio! A chave para uma vida menos monótona está em nós mesmos, na visão que temos de mundo e na maneira como lidamos com as coisas. E cabe a nós modificarmos a lida de acordo com as nossas vontades. ;}




Au revoir, motherfuckers. \,,/

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O lado agridoce do inconsciente.

P.S. antecipado: (leia! if you wanna live!! 666 ha-ha)
Se você não assistiu ao filme que será citado neste post e deseja assisti-lo, você deve escolher entre as opções dadas a seguir, antes de, de fato, ler o texto apresentado (encaixando seu perfil em um dos casos):
1- Você lê o texto até o fim, porque não se importa em saber de alguns detalhes que são cruciais para as surpresas que o filme quer que tenhamos (pois contarei coisas que você pode preferir não saber...);
2- Você lê o texto até o fim, porque você nem se importa nem não se importa de saber detalhes do filme. Se ele for bom mesmo, você assistirá de qualquer forma;
3- Você prefere não ler o texto todo (ou prefere simplesmente não lê-lo at all!), porque você é uma mulherzinha e tá super a fim de assistir ao filme e se surpreender com tudo o que ele quiser que você se surpreenda. hâhâ xP


....... Belê? =P Agora, ao post!!




- Estive assistindo a um filme bizarro, bem no estilo "sem saída", mas até interessante nos pontos que ele se propôs adentrar...



O nome: Sublime.

O assunto: O homem de família George Grieves (Tom Cavanagh dos shows Ed e Love Monkey) dá entrada no Hospital Mt. Abbadon para um procedimento de rotina. Quanto ele desperta da anestesia, alguma coisa está terrivelmente errada... com George... com o hospital... e especialmente com a inexpugnável ala leste, um assustador refúgio de segredos, sexo e terrores cirúrgicos. Raw Feed apresenta o assustador thriller psicológico Sublime, dirigido por Tony Krantz (produtor executivo de 24 Horas) a partir de roteiro de Erik Jendresen (Band of Brothers, vencedor do Emmy®). Na melhor tradição dos clássicos contos de terror do cinema, Sublime manterá você em constante expectativa, tentando encaixar as peças que faltam em uma intrigante trama, e o deixará atônito com sua reveladora conclusão. Gráfico, arrojado, sexual e incrivelmente horrorizante, Sublime explora o que acontece quando seus medos se tornam reais. (sinopse retirada da contra-capa do dvd...)




Mas, em minha análise pessoal, digo que ele não é horrorizante no sentido de colocar medo, mas no sentido de ser altamente agonizante. Ele tb não é um filme "assustador", mas... tenso e, para determinada audiência, repugnante. Eu, particularmente, gostei muito, mas realmente o filme é agonizante, psicológico, dotado de mistério e tensão.

Ele nos leva a duas reflexões, e permitam-me ser estraga-prazeres e falar sobre o filme como se vós, leitores, já o tivessem assistido.


Cada reflexão remete a uma parte do filme em especial, que eu posso não reconstruir aqui com riqueza de detalhes, tampouco com dizeres bem delimitados.




Parte I: Logo no início do filme, o protagonista acorda e está agitado. A mulher dele, percebendo sua agitação, pergunta-lhe o que aconteceu. Ele diz que sonhou que estava caindo, daí ela fala sobre a crença de que quando alguém sonha que está caindo e chega a tocar o chão, a pessoa morre. E que ela acreditava que aqueles que morrem dormindo, sonharam que estavam caindo e chegaram ao chão. Já no final do filme, acontece de alguém (vou preservar a identidade da personagem para não ser tão estraga-prazeres assim! =D Felizes?? =} ) realmente morre por ter caído e chegado ao chão, em um sonho. Maaas... foi provocado. A pessoa quis chegar ao chão para morrer.


Reflexão: Oras... essa idéia me pôs a pensar. No poder dos sonhos, no poder do pensamento, no poder da mente humana e no poder do auto-controle. Até que ponto estamos no controle do que acontece em nosso corpo? Até que ponto os sonhos podem interferir em nossas vidas, em nossa atividade extra-mental? Estudos são feitos em cima dos sonhos. Mais e mais experiências empíricas são produzidas todos os dias. Várias idéias e tantos outros questionamentos podem surgir do assunto!... Eu poderia realmente, por um decisivo momento, controlar com sucesso meus movimentos em um sonho?? Se, por uma brincadeira do destino, eu chegasse a tocar o chão depois de cair, em um sonho, eu morreria?? Alguém já chegou ao chão e não morreu? Bem, coisas que não se pode saber ou prever... Esse assunto realmente me intrigou.

Se analisarmos à luz da Psicanálise e chegarmos à conclusão de que os sonhos são a "voz" do inconsciente e que eles são a expressão dos nossos mais profundos desejos, pode-se dizer que o ponto do filme sobre tal sonho é bem relevante... Já quanto à sua veracidade, não se pode afirmar. Até que alguém consiga provar que "morremos ao tocar o chão quando caímos em um sonho", isso fica só em nosso imaginário e em nossas suposições.




Parte II: O protagonista está conversando com seu irmão e este pergunta "Você acha que fez sua mulher feliz?". O protagonista responde "É claro que eu a fiz feliz!". Seu irmão rebate, indagando "Como você sabe? Ela largou o emprego para cuidar dos filhos e lhe apoiar em seu negócio, que inclusive é algo incerto.... Então, como você pode ter tanta certeza de que a fez feliz??". O protagonista respira fundo, olha para a mulher dele e diz "É fácil... Olhando nos olhos dela...". Seu irmão, transtornado, diz "Olhando nos olhos dela?? Como você pode saber disso só olhando nos olhos dela?? Que tipo de resposta é essa?" (e blá e blá e blá...).

Já no final do filme (agora reservo-me o direito anteriormente dado a mim por mim mesma de ser bem estraga-prazeres), o protagonista está passando por torturas indizíveis e completamente agoniantes, só que não na vida real, mas dentro de sua mente, pois ele está em coma. Quando os médicos dizem para a mulher do protagonista que este era contra o prolongamento artificial da vida, ela diz que dentro daquele corpo estava o marido dela e que ela o manteria vivo, pois sabia que ele estava feliz. Como ele estava em estado vegetativo, alguém (esqueci quem!! =X) perguntou como ela sabia disso, e ela disse "Olhando nos olhos dele...".


Reflexão: Bem... essas partes, em conjunto, são até bem tristes!... Porque, porra, eles se utilizaram da mesma "técnica" para dizer que um fazia o outro feliz, mas no final foi muito errado!!... Isso me levou a pensar na singularidade do pensamento humano. Cada cérebro, cada vida, cada pessoa é uma pessoa, um ser singular, com suas manias e conexões cerebrais, sendo feliz ou infeliz, mas, ainda que a estrada seja tortuosa, vivendo sua própria vida!... O protagonista do filme ultrapassou as barreiras da certeza e entrou em um caminho altamente duvidoso, que era se dizer ciente 100% de que fazia sua mulher feliz. Mesmo que ele tivesse razão, ainda assim, foi uma coisa arriscada de se dizer!... Quando ela fez o mesmo, tudo caiu por terra, e podemos então entrar no nível das questões: até que ponto sabemos o que se passa na cabeça das pessoas que nos rodeiam?? Qual é o limite de nossa ciência com relação aos profundos sentimentos que povoam a alma de uma pessoa próxima?? E, ainda que estando quase certos de nossas certezas, como conseguir viver em meio às dúvidas intrínsecas à existência humana??

Sei que o anseio por saber de tudo é também algo intrínseco ao ser humano e que a realidade do 'não saber' sempre nos deixa meio desnorteados. É aí então que procuramos algo para nos segurar, alguma sabedoria incerta que nos deixa mais tranqüilos e nos faz ter o incrível sentimento de possuir algo.


.... Não soa muito bom, não é?? ... humm...






#TEORIA DE HOJE: De tudo o que se duvida, uma coisa é certa: somos seres singulares, ainda que conjugados no plural. O que há em nosso íntimo é algo tão misterioso que nem nós mesmos sabemos por completo. E, arrisco dizer, somos o que emana de nosso inconsciente.


(Sou só eu, ou isso não soou como um fim??!! õ.Ô
Hummm.... ainda que não...


Au revoir, fuckers. 666


*fecha parênteses*