Observando relações
aleatórias de pessoas aleatórias (não só casais, mas amigos, colegas,
conhecidos e “desafetos”) surgiu-me uma questão: quais interesses e
preferências são determinantes para afastar ou aproximar pessoas?
Tirando obviamente as características pessoais que tornam um
indivíduo um... indivíduo (=P), há determinadas escolhas, que eu não nego,
mesmo porque seria uma negação ilógica, serem intimamente ligadas com aspectos
da personalidade, que fazem você se sentir mais ou menos inclinado a manter
contato com uma pessoa. E muitas vezes não tem ligação nenhuma com o fato de a
pessoa ser chata ou legal. Pode ser um ser humano singular, um achado, mas ter
interesses sociais, por exemplo, tão distintos, que, por mais bacana que a
pessoa seja e por mais legal que tenha sido um primeiro contato, você opta por
deixar essa possível relação no limbo dos bons conhecidos com quem você não
troca mais do que um “oi”.
Mas quais preferências são mais determinantes nesse sentido?
Preferências artísticas (musicais, cinematográficas,
literárias, etc.), para mim, tem sua dada importância, mas não a exigência de
total similaridade; só não pode haver total discordância. Seria este um bom fator?
Preferências sociais são muito importantes. Andar “em bando”
ou andar sozinho(a), gostar de sair ou preferir ficar em casa, gostar de ver
gente em lugares cheios ou preferir lugares mais reservados, e por aí vai. Este
seria um bom fator, creio eu.
Preferências por programas diurnos, vespertinos ou noturnos;
programas mais relax ou mais agitados; gostar de praia, Sol e areia ou gostar
de frio, cabanas e chocolate quente (=P); beber ou não; fumar ou não. Hábitos –
dão um fator importante?
Estilo de vida, história de vida, quem você era na escola,
quem você é/era na universidade, com quem você costuma se relacionar, quem você
não gosta muito ou not at all.
Escolhas, interesses e preferências. Fatores reais, concretos e abstratos. Quem
pesa mais? Até o velho fato que eu citei como não-determinante (a pessoa
ser chata ou legal) pode certamente ser um fator. Gostar/não entender/não
suportar sarcasmo, gostar/não ser muito afim de pessoas exageradamente bem
humoradas, gostar/não ter opinião muito bem formada em conversas intelectuais,
suportar ou não superficialidade... Enfim, uma infinidade de fatos e fatores
que determinam nossa rede de contatos e relações íntimas.
Pessoas se aproximam por similaridades e se afastam por
diferenças: essa é a ideia mais geral. Mas sabe-se que essa não é bem a total realidade das coisas. Alguns fatores são mais determinantes que outros e mesmo que a pessoa
goste das mesmas músicas, mesmos filmes e tenha até o mesmo status “low
profile” que você, isso não quer dizer que a aproximação evoluirá e se manterá.
Relações interpessoais são permeadas por fatores variados e múltiplos que podem
pesar mais ou menos, dependendo da pessoa. A realidade do diálogo entre os
fatores é clara. A história de vida de uma pessoa, os ambientes nos quais ela
convive/conviveu, as pessoas com quem ela tem/teve contato, sua família, seus
amigos, a cidade em que ela vive, o momento histórico e a sociedade na qual ela
está inserida, e até a capacidade ou não de se acomodar facilmente; entre
genética, historicidade, ambiente social e físico e aprendizados pessoais,
surgem formas de lidar com o mundo, vê-lo e senti-lo e medir o que mais ou
menos lhe agrada.
TEORIA DE HOJE: Pessoas vem e vão em nossas vidas, mas a
liga que nos mantém unidos depende mesmo é do quanto pesa cada uma de suas
preferências pessoais sobre a individualidade do outro.
"...As pessoas são uns lindos problemas.
Eu posso até acreditar!
Eu acho tudo isso uma grande piada
ou então eu posso achar..."
Eu posso até acreditar!
Eu acho tudo isso uma grande piada
ou então eu posso achar..."
[Não Tenha Medo Não! - Sérgio Sampaio]