domingo, 27 de maio de 2012

Relações interpessoais e fatores de manutenção

Observando relações aleatórias de pessoas aleatórias (não só casais, mas amigos, colegas, conhecidos e “desafetos”) surgiu-me uma questão: quais interesses e preferências são determinantes para afastar ou aproximar pessoas?


Tirando obviamente as características pessoais que tornam um indivíduo um... indivíduo (=P), há determinadas escolhas, que eu não nego, mesmo porque seria uma negação ilógica, serem intimamente ligadas com aspectos da personalidade, que fazem você se sentir mais ou menos inclinado a manter contato com uma pessoa. E muitas vezes não tem ligação nenhuma com o fato de a pessoa ser chata ou legal. Pode ser um ser humano singular, um achado, mas ter interesses sociais, por exemplo, tão distintos, que, por mais bacana que a pessoa seja e por mais legal que tenha sido um primeiro contato, você opta por deixar essa possível relação no limbo dos bons conhecidos com quem você não troca mais do que um “oi”.


Mas quais preferências são mais determinantes nesse sentido?

Preferências artísticas (musicais, cinematográficas, literárias, etc.), para mim, tem sua dada importância, mas não a exigência de total similaridade; só não pode haver total discordância. Seria este um bom fator?

Preferências sociais são muito importantes. Andar “em bando” ou andar sozinho(a), gostar de sair ou preferir ficar em casa, gostar de ver gente em lugares cheios ou preferir lugares mais reservados, e por aí vai. Este seria um bom fator, creio eu.

Preferências por programas diurnos, vespertinos ou noturnos; programas mais relax ou mais agitados; gostar de praia, Sol e areia ou gostar de frio, cabanas e chocolate quente (=P); beber ou não; fumar ou não. Hábitos – dão um fator importante?

Estilo de vida, história de vida, quem você era na escola, quem você é/era na universidade, com quem você costuma se relacionar, quem você não gosta muito ou not at all. Escolhas, interesses e preferências. Fatores reais, concretos e abstratos. Quem pesa mais? Até o velho fato que eu citei como não-determinante (a pessoa ser chata ou legal) pode certamente ser um fator. Gostar/não entender/não suportar sarcasmo, gostar/não ser muito afim de pessoas exageradamente bem humoradas, gostar/não ter opinião muito bem formada em conversas intelectuais, suportar ou não superficialidade... Enfim, uma infinidade de fatos e fatores que determinam nossa rede de contatos e relações íntimas.


Pessoas se aproximam por similaridades e se afastam por diferenças: essa é a ideia mais geral. Mas sabe-se que essa não é bem a total realidade das coisas. Alguns fatores são mais determinantes que outros e mesmo que a pessoa goste das mesmas músicas, mesmos filmes e tenha até o mesmo status “low profile” que você, isso não quer dizer que a aproximação evoluirá e se manterá. Relações interpessoais são permeadas por fatores variados e múltiplos que podem pesar mais ou menos, dependendo da pessoa. A realidade do diálogo entre os fatores é clara. A história de vida de uma pessoa, os ambientes nos quais ela convive/conviveu, as pessoas com quem ela tem/teve contato, sua família, seus amigos, a cidade em que ela vive, o momento histórico e a sociedade na qual ela está inserida, e até a capacidade ou não de se acomodar facilmente; entre genética, historicidade, ambiente social e físico e aprendizados pessoais, surgem formas de lidar com o mundo, vê-lo e senti-lo e medir o que mais ou menos lhe agrada.




TEORIA DE HOJE: Pessoas vem e vão em nossas vidas, mas a liga que nos mantém unidos depende mesmo é do quanto pesa cada uma de suas preferências pessoais sobre a individualidade do outro.


"...As pessoas são uns lindos problemas.
Eu posso até acreditar!
Eu acho tudo isso uma grande piada
ou então eu posso achar..."

[Não Tenha Medo Não! - Sérgio Sampaio]

Um comentário:

Anônimo disse...

Mana, não me surpreende a qualidade do seu blog, porque sei exatamente o quanto és crítica, inteligente, bem humorada e sabe usar bem cada um desses atributos!
Amei seu artigo! Ele é leve, mas transmite bem o que queres dizer! Quando a gente acha que vai pesar, vc faz um comentario que deixa leve de novo!! Amei sua escrita! Virei fã!

Beijos nada suspeitos da mana coruja! Karen Rubem