Há alguns meses, quando estive presente em uma, digamos, celebração de sétimo dia de uma pessoa, ouvi de um alguém emocionado as seguintes palavras: “Não deveríamos chorar na morte de alguém, mas no seu nascimento, porque já sabemos que essa pessoa irá morrer.”
Não só isso, mas todo o papo “mortífero” me pos a pensar. Fiquei tão aturdida por pensamentos que mal pude me mover, falar, rir ou me expressar de qualquer forma que fosse. A primeira coisa que me surgiu foi: pensamos sobre o fim pelo menos uma vez por semana, seja por uma matéria televisiva ou por livre e espontânea combustão de imagens mentais. Mas dificilmente pensamos na morte de forma a nos acostumarmos com essa idéia. Não nos preparamos para ela nem para a imposição de sua morada escura sobre nossos lares.
Na real, a não ser que você seja oriental ou budista, ninguém de fato está totalmente conformado com toda a idéia de morrer, nem mesmo o cidadão que proferiu tais palavras nas quais se alicerça o presente texto.
Outra coisa que me surgiu, e que totalmente se relaciona com o que eu já falei, foi a fala da personagem Sra. Devereaux, de A Chave Mestra, que disse: “Pensamos tanto no tempo que nos resta que acabamos não vivendo.”
E isso é outra verdade. Veja bem. Sabe aquela música da Pitty, “não deixe nada pra depois, não deixe o tempo passar; não deixe nada pra semana que vem, porque semana que vem pode nem chegar”? BA-LE-LA! Nem mesmo a Pitty deve viver assim (foi mal, Pitty, nada pessoal...). Vocês sabem como vivemos? Adiando o fim. De tudo. Deixamos trabalhos, pessoas, encontros e até filmes e livros em ‘banho-maria’. Até quem diz que “não leva desaforo pra casa”.
Mas pensando por outro prisma, posso perguntar: é possível não deixar NADA para depois? É realmente possível fazer tudo no tempo tão curto que temos no agora? Porque, gente, só temos alguns milésimos de segundo para fazermos as coisas. Dez minutos depois, que seja, já é depois! Uma pessoa pode morrer em questão de segundos e uma oportunidade se esvai tão rápido quanto! Muitas coisas podem ser feitas e muitas outras ficam para depois. Naturalmente, sabe? Não é possível terminar de ler um livro do porte de O Senhor dos Anéis em um dia nem ter satisfação total em um minuto (obs.: casos de ejaculação precoce são exceção =P).
#TEORIA DE HOJE: Let’s face it: o depois faz mais parte da nossa vida do que o agora, apesar de, no duro, realmente termos só o agora. A morte, muitas das vezes, não nos assusta tanto quanto um pitbull correndo em nossa direção, mas é mais certo dizer que vamos morrer do que que o cão do inferno vai nos morder. Paraíso, inferno, e todas as projeções que fazemos, fazem parte do nosso depois, e passamos mais tempo pensando no que fazer para alcançar o paraíso e evitar o inferno do que realmente agindo para isso.
"Say you'll be alright come tomorrow, but
tomorrow might not be here for you."
{ That Smell - Lynyrd Skynyrd }
Peace, bro!