quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O agora, o depois e a morte.

Bem, bem, bem.

Há alguns meses, quando estive presente em uma, digamos, celebração de sétimo dia de uma pessoa, ouvi de um alguém emocionado as seguintes palavras: “Não deveríamos chorar na morte de alguém, mas no seu nascimento, porque já sabemos que essa pessoa irá morrer.”

Não só isso, mas todo o papo “mortífero” me pos a pensar. Fiquei tão aturdida por pensamentos que mal pude me mover, falar, rir ou me expressar de qualquer forma que fosse. A primeira coisa que me surgiu foi: pensamos sobre o fim pelo menos uma vez por semana, seja por uma matéria televisiva ou por livre e espontânea combustão de imagens mentais. Mas dificilmente pensamos na morte de forma a nos acostumarmos com essa idéia. Não nos preparamos para ela nem para a imposição de sua morada escura sobre nossos lares.

Na real, a não ser que você seja oriental ou budista, ninguém de fato está totalmente conformado com toda a idéia de morrer, nem mesmo o cidadão que proferiu tais palavras nas quais se alicerça o presente texto.


Outra coisa que me surgiu, e que totalmente se relaciona com o que eu já falei, foi a fala da personagem Sra. Devereaux, de A Chave Mestra, que disse: “Pensamos tanto no tempo que nos resta que acabamos não vivendo.”

E isso é outra verdade. Veja bem. Sabe aquela música da Pitty, “não deixe nada pra depois, não deixe o tempo passar; não deixe nada pra semana que vem, porque semana que vem pode nem chegar”? BA-LE-LA! Nem mesmo a Pitty deve viver assim (foi mal, Pitty, nada pessoal...). Vocês sabem como vivemos? Adiando o fim. De tudo. Deixamos trabalhos, pessoas, encontros e até filmes e livros em ‘banho-maria’. Até quem diz que “não leva desaforo pra casa”.


Mas pensando por outro prisma, posso perguntar: é possível não deixar NADA para depois? É realmente possível fazer tudo no tempo tão curto que temos no agora? Porque, gente, só temos alguns milésimos de segundo para fazermos as coisas. Dez minutos depois, que seja, já é depois! Uma pessoa pode morrer em questão de segundos e uma oportunidade se esvai tão rápido quanto! Muitas coisas podem ser feitas e muitas outras ficam para depois. Naturalmente, sabe? Não é possível terminar de ler um livro do porte de O Senhor dos Anéis em um dia nem ter satisfação total em um minuto (obs.: casos de ejaculação precoce são exceção =P).




#TEORIA DE HOJE: Let’s face it: o depois faz mais parte da nossa vida do que o agora, apesar de, no duro, realmente termos só o agora. A morte, muitas das vezes, não nos assusta tanto quanto um pitbull correndo em nossa direção, mas é mais certo dizer que vamos morrer do que que o cão do inferno vai nos morder. Paraíso, inferno, e todas as projeções que fazemos, fazem parte do nosso depois, e passamos mais tempo pensando no que fazer para alcançar o paraíso e evitar o inferno do que realmente agindo para isso.






"Say you'll be alright come tomorrow, but
tomorrow might not be here for you."

{ That Smell - Lynyrd Skynyrd }


Peace, bro!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Pensar ou não pensar... Eis a questão?

A contar pelo tanto que eu escrevi nos últimos meses, pode-se chegar à conclusão de que eu andei “não-pensando”. E será que isso seria de todo mentira?


Posso dizer agora, em minha defesa, que eu pensei em coisas diversas que não se traduzem claramente em verbetes ou não são, digamos, apropriadas para serem expostas em páginas virtuais publicamente freqüentadas. =] Seria como nadar pelada em uma piscina pública. Também posso dizer, em concordância, que eu andei deixando de pensar e me afundando em “não-pensamentos”, a fim de relaxar. Mas será possível alguém simplesmente parar de pensar?

Bem, é meio óbvio que não. A todo o momento, somos bombardeados por pensamentos dos mais variados. Seja uma música que não sai da cabeça ou um paredão do BBB. Até pensar em não pensar é um pensamento. Mas isto tudo é uma interpretação literal do vocábulo “pensar”. Se pararmos para refletir sobre as diversas nuances do pensamento, podemos dizer que, sim, sob determinada ótica, é possível não pensar at all!


Veja bem. Uma música que não sai da cabeça ou um brother indicado ao paredão, por si só, não são pensamentos que necessariamente nos façam pensar. Ok, parece idiota e confuso, mas observemos uma coisa: lembrar, construir hipóteses, refletir, assimilar, compreender, comparar, observar, etc., nada mais são do que nuances do pensamento, cada uma com uma essência que a faz diferente da outra.

Na vida normal, convivemos com todas essas nuances sem sequer percebermos que pensamos sob aspectos diferentes e de diferentes maneiras. Quando passamos nossas experiências para uma página virtual, muitas dessas nuances podem se fazer presentes, indefinidas e indiferenciadas.

Mas, voltando ao que eu disse no primeiro parágrafo, misturando com o segundo, engolindo, processando e vomitando tudo aqui (desculpem-me o transtorno =]), tomando o ato de pensar pela sua face reflexiva (que é normalmente o que eu faço e aprecio fazer neste meu depósito de palavras coerentemente concatenadas – na maioria das vezes...), é, não é de todo mentira dizer que andei “não-pensando”. =D

Ok, meu sorriso parece de orgulho por não pensar... E você, leitor culto e inteligente, deve estar pensando “Menina ignorante...¬¬”. Mas não é bem assim. Vivendo no mundo atual, recheado de concorrências e pressões para tudo o quanto se possa obter, é quase refrescante (não sei se essa seria a palavra, mas foi ela que me surgiu – seguida por uma imagem mental de uma laranja cortada ao meio...) passar algum tempo submersa na revigorante água do albinismo mental.

É claro, porém, que esta não deve se tornar a morada da nossa intelectualidade. Só um... passeio na chácara. E enquanto caminhamos na grama verde e brincamos com os cachorros, temos a sorte de não termos obrigação de demonstrar nada. Podemos assistir a filmes que (pelo menos aparentemente) não querem passar mensagem nenhuma (como Meninas Malvadas e Pânico na Floresta – alguém viu mensagem neles?); podemos escutar músicas bregas e dançar de forma retardada, sem a menor intenção de agradar; podemos odiar passeios culturais e dizer que cubismo é coisa de esquizofrênico; entre outras coisas que não exigem muita capacidade intelectual, mas que fazem um bem danado para os grandes pensadores anônimos.





# TEORIA DE HOJE: Eu nem acredito que vou dizer isso, mas não pensar é muito legal! É como comer um hambúrguer de 500kcal sem peso na consciência. É um retiro mental que se pode fazer dentro de si mesmo, quando refletir o tempo todo sobre tudo se transforma em uma bigorna. Às vezes precisamos do afastamento físico das coisas que nos fazem pensar demais, mas é importante desenvolver a habilidade de se desconectar do mundo, mesmo quando este quer ser seu irmão siamês. ;D




P.s.: Para os interessados, aí vai uma dica: vá ao cinema mais próximo de sua casa (ou ao que tenha mais opções, ou a uma videolocadora mesmo) e escolha o filme mais despretensioso que estiver passando (ou que estiver na prateleira). Tente manter distância das comédias que parecem ser muito engraçadas pelo trailer. Muitas vezes, todas as piadas são contadas no trailer mesmo.




"If you like Piña Colada's
and getting caught in the rain;
if you're not into yoga;
if you have half a brain;
if you like making love at midnight
in the dunes on the Cape,
then I'm the love that you looked for.
Write to me and escape!"

{ Escape (The Piña Colada Song) - Holmes Rupert }



Peace! ;)