quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O complexus do complexus

Pensando, pensando, pensando...



Numa terça-feira auspiciosa, meu professor de Antropologia passou um trabalho trabalhoso para que nós apresentássemos em sala de aula. Bem, o trabalho deu mais trabalho antes do que depois de feito. Mas esse não é o detalhe que o faz apto para ser citado nesta humilde página. O fato "citável" é que o texto falava sobre complexidade. A complexidade de tudo o que nos rodeia, de tudo o que somos e de tudo o que há neste universão de meu Deus!


- A começar por linhas tortas, é um tanto óbvio se pensar que o ser humano é muito complexo. Se você não concorda comigo ou está em cima do muro, acompanhe meu pensamento: se você um dia já acordou mal-humorado e com o passar do tempo foi ficando mais relax, você já experimentou um nível básico de complexidade. Porque, pense bem, o que faz um cidadão acordar irritado? Dormir mal? Dormir pouco? Dormir de mal jeito? Sonhar algo ruim? Ter ido dormir com algo perturbante na cabeça? Podem ser tantas coisas que sequer posso catalogar a todas! Então... isso não é algo complexo?

- A natureza é algo muito complexo. Veja bem, você não vê os átomos. Pronto! Em uma frase consegui fazer a natureza inteira ser complexa! hahahahaha. Até a natureza estelar entra nessa brincadeira! Afinal, tudo são átomos, não? Átomos em movimento que não conseguimos ver a olho nu, mas que supostamente estão lá e seus movimentos nos fazem ser quem somos fisicamente. Os vírus não são nem considerados seres vivos para algumas pessoas. Mas eles fazem altas desgraças nos seres considerados vivos. O ebola, por exemplo, mata em 72 horas maioria esmagadora (quase 100%, e isso não é filme de zumbi) dos contaminados. Não há vacina nem cura. Não se sabe como surge nem como vai embora. O que se sabe é que é altamente letal e que mata mais de 100 pessoas toda vez que surge um foco na África (continente-alvo do vírus e, aparentemente, de muitas outras mazelas... =P). Então... não é complexo?

- Uma coisa aparentemente boba: eu amo de paixão o filme (presente na minha Sessão de Cinema lá embaixo, você pode conferir =D) Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, já minha irmã nem conseguiu assistir a todo o filme. Ela tinha um conhecido que simplesmente matava pelo filme Pi... Já a gente... Quase morreu de sono assistindo. Gostos pessoais... não são complexos?



Como você, caro e prezado leitor, pôde ver, a complexidade está presente em tudo o que existe, basta você olhar mais de perto e perceber que nem assim você consegue detectar tudo o que há de complexo. Muito do que muitas pessoas consideram muito simples é somente fruto de algo que, infelizmente, assola muitos de nossos conterrâneos: a ignorância. Você não possui o conhecimento sobre tudo e isso em si já transforma o ato de conhecer, que é nossa principal ferramenta de sobrevivência, em algo essencialmente complexo. Daí vem até aquela coisa que você fez da última vez que sua amiga brigou com o namorado e você quis ver "os dois lados da história". Se você visse somente pelo ponto de vista da sua amiga, você iria querer que o namorado dela explodisse na esquina! Mas isso poderia ser somente ignorância, se você não ouvisse o lado do namorado e soubesse que a sua amiga somente entendeu algo errado e daí o escarcéu se formou.


A ignorância, meus amigos, é por vezes até fatal. Não por overdose, ou senão veríamos muitas pessoas caídas no chão, mas por assassínio mesmo! Alguém que mata um negro só porque ele é negro, ou um gay só porque ele é gay, comete um homicídio por ignorância. Todos os outros motivos cabem nessa palavrinha tão ingrata. E isso tudo porque tal pessoa não conseguiu compreender a complexidade da vida, do ser humano, da biologia, de algo muito superior à sua parca inteligência.

E é por estarem ambas a complexidade e a ignorância muito presentes em nosso dia-a-dia, é que devemos nos manter alertas e abertos às coisas que não conhecemos/compreendemos, porque em um ato você pode abrir uma caixa de Pandora inteira, interna ou pública. E quem quer que isso aconteça?





#TEORIA DE HOJE: Desde que éramos nada mais, nada menos do que um projeto de universo, desde o Big Bang, nós somos muito mais do que podemos imaginar. E nossa multidimensionalidade se traduz em uma palavra (que de -inha não tem nada): complexidade. Pela existência desta é que devemos nos policiar ao julgar algo que não é de nosso conhecimento, evitando ao máximo a perigosa ignorância. Respeitando as diferenças inerentes a tudo o que é existente, nós podemos crescer como civilização e sair do útero da mãe-natureza, para enfim sermos alguém.





complexo(cs) [do lat. complexus.]Adjetivo.
1. Que abrange ou encerra muitos elementos ou partes.
2. Observável sob diferentes aspectos.
3. Confuso, complicado, intrincado.
(4. Impossível, desista!)



É... O Aurélio não mente... Nem eu! =D



Au revoir, motherfuckers. (666)

terça-feira, 14 de abril de 2009

Feliz Dia das Crianças!

Não, eu não estou louca!
Guarde seu comentário "Que isso, Kayla?! Parece que bebe! Dia das Crianças é só 12 de outubro!", e leia o seguinte post com a mente aberta e o coração escancarado, pois pretendo invadir suas entranhas, banhar-me com seu sangue, extrair de seu ser aquilo que estava guardado há sei-lá-quanto tempo e jogá-lo no mundo! (Se eu não conseguir isto, perdoem-me minha pretensão exacerbada! =D)

Escrevi isto aqui enquanto ouvia o cd Hopes and Fears, da banda inglesa Keane, e deu tão certo que em certos momentos tive vontade de chorar. Mas ler esse texto ao som desta incrível banda não é obrigação, só uma sugestão... E aí? Aceitam? =D (Se sim, entrem neste link e ouçam de graça pela rádio uol: http://b.radio.musica.uol.com.br/radio/index.php?ad=on&ref=Musica&busca=keane&param1=homebusca&q=keane&check=artista )



+ Um dia, há muitos meses, quando eu fazia terapia com uma terapeuta muito simpática e sorridente, passei por uma sessão de relaxamento que, eu não sabia com antecedência, mas mudaria minha perspectiva quanto a alguns assuntos importantes da minha vida.

Entre frases como "você deve ser seu melhor amigo" e "você precisa relaxar seu corpo todo agora", a voz que saía do micro system e chegava a meus ouvidos me disse palavras as quais, francamente, não me lembro muito bem (hêhê =P), mas das quais retirei uma mensagem que nunca esquecerei: deve haver conexão entre a sua criança interior e a pessoa que você é, física e psicologicamente, hoje. E por essa criança interior pode-se entender que seja você (ou eu, ou seus pais...) em sua forma mais pura, mais livre; em sua essência.

Você pode ler o que eu acabei de escrever e pensar "Hummm... ok... e isso te marcou porque... ...?". ¬¬ Bem, vou explicar.

- Com o passar dos anos, vamos nos afastando cada vez mais de "nossas crianças" e, do jeito que as coisas no mundo moderno são, isso é até meio óbvio. Mas o que esquecemos é que é a "nossa criança" que nos dá o sentido para vivermos. Ela que nos faz achar aquele filme tão bobo da Sessão da Tarde, que passa há 500 natais, tãããão legal que vemos toda vez que passa. Ela que nos transforma em criançonas quando vamos a um parque de diversões ou a um clube ou a um jogo (de futebol/vôlei/poker/baralho/dama/etc, qualquer coisa legal com pessoas legais). Ela que nos faz rir de situações patéticas do cotidiano; que nos faz rir de pessoas caindo nas Videocassetadas; que nos faz achar mó barato ganhar ovos de Páscoa ou ursinhos de pelúcia.

Enfim, "nossa criança" é aquela parte de nós que aproveita a leveza da vida e anda por aí livre, otimista e destemida.

Por que é tão difícil para nós, às vezes, nos conectarmos com a nossa criança interior? Por que aquilo que o mundo faz de nós e aquilo que tomamos como parte de nossos seres é sempre mais forte que aquilo que somos puramente? Pessoas ficam amargas, violentas, traumatizadas, melancólicas, nostálgicas, agitadas, estressadas, "griladas", neuróticas, ansiosas. Por que é tão difícil ceder à alegria, à maneira pura (?) de nossa aura de bon vivant?


Bem, posso chutar que as pessoas podem ser condicionadas a tais sentimentos. Uma vez, uma pessoa muito querida minha disse a outra pessoa muito querida minha que me disse que tudo é uma questão de condicionamento. Oras, não condicionamos somente nosso físico, mas também nosso psicológico, e o frenesi do século XXI é a droga do momento, ele sim é a tendência da moda. A frieza, o cinismo, a pressa, a efemeridade, a distância, o tratamento de "todos são descartáveis", a depressão, a morte prematura, tudo isso é fruto de nosso estilo de vida atual. E nem sempre fomos assim! Sim, sim, já fomos piores, ou talvez sejamos uma forma sofisticada do que éramos antes, com nossas guerras e genocídios e bombas atômicas. Mas não é do nós como sociedade que estou falando, falo do nós como indivíduos, como pessoas singulares, como crianças com contas bancárias e calos nos dedos.

Posso tirar a única pessoa que conheço mais de 60% - e bem menos de 100%! - como exemplo: eu! =D Há uma diferença muito grande, que quase posso ouvir dentro de mim, entre esta Kayla que vos fala (esta que vos acusa) e aquela tal criança Kayla da qual falei antes.

Às vezes, passo a mão na cabeça da criança Kayla e digo a ela que tudo vai dar certo, que o mundo é cruel, as pessoas não ligam e que ela irá se machucar, mas que tudo vai se encaixar eventualmente. Eu a encorajo a sorrir, eu a deixo chorar, eu seguro a sua mão e a guio, quase que com cerca elétrica ao redor, por este mundo de meu Deus. Eu a divirto e a distraio dos horrores do que acontece lá fora (do outro lado da porta/da janela, nos apartamentos vizinhos, no quarto ao lado).

Alguém poderia me dizer "Você deveria deixá-la viver a vida lá fora, para que ela se acostume e não sofra tanto com os machucados". Mas vou lhe dizer só, senhor você que me diz para educar minha criança no mundo: se eu a deixar sair, vivenciar os crimes morais que ocorrem lá fora, como espero viver o resto de minha vida, se o meu único pedaço de inocência for ferozmente devorado pelo mundo-cão, que está mais para Cérbero que para labrador? Eu preciso dela, tanto quanto você precisa da sua e nem se dá conta! "Nossas crianças" são nossas fontes de imaginação dentro da realidade, as asas que tiram nossos pés do chão, o que nos permite ser sem medo, sentir sem medo, falar sem medo e caminhar sem medo, brincando e chutando as pedras do caminho. =}




#TEORIA DE HOJE: Devemos libertar "nossas crianças" das garras do século XXI, da globalização, da economia, da política, dos telejornais, e dar-lhes Mickey e Pato Donalds, brinquedos e sorvete. Leve sua criança interior para passear! Afinal, quanto tempo você realmente dedica a ela?? Relaxe, jogue tudo para o alto e brinque com ela hoje! xD




Though I would not take it personally
It's just the child in me
Who never really knew how much I had

{ Soul Asylum - Homesick }

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sobre vida e morte.

Intrigante o ato de envelhecer.

Quando observo idosos, vejo pele, cabelos, ossos, músculos e voz envelhecidos. Intrigante este fenômeno natural que nos descaracteriza do corpo juvenil. Simplesmente o corpo passa a funcionar de forma reduzida naturalmente. Começa a falhar e a precisar de cuidados extra. A pele murcha e enruga como uma planta sem raiz. O corpo cansa facilmente. Pulmões, coração,
intestino, bexiga e músculos esqueléticos não funcionam mais como outrora, deixando um misto de agonia e cansaço na pessoa envelhecida.

Aí depois entra outra personagem (tão ou mais) intrigante na existência dos que vivem: a morte. Seu beco escuro ergue paredes às vezes altas demais ao redor dos que dela se aproximam. Quanto mais ela chega perto, mais o fio da vida parece afilar. As cores perdem a intensidade, os astros perdem o brilho, o corpo perde o eqüilíbrio e, por fim, o ser perde a vida. Desse espetáculo natural, sinto curiosidade. Já assisti a diversos filmes nos quais alguém morre. Seja por morte-matada ou por morte-morrida (só há pouco tempo consegui enxergar a distinção entre tais e não tomar suas denominações como algo somente engraçado).

Como será morrer? Como será sentir o sopro da existência abandonar seu corpo e então não mais viver? Óbvio que faço estas perguntas agora, mas não lembrarei com precisão destas quando minha hora chegar - e não falo somente da hora tida como natural e inevitável. O que há depois desta vida que habita minha carne e me faz 'corpo e alma'? Existe o túnel e a luz que devo seguir? Eu simplesmente renasço em outra vida? Eu sinto o momento de inexistência ocorrer? Eu tenho consciência de tal momento? Como me comporto no "entrevidas"? Se não ocorre a reencarnação, o que acontece depois que morremos? Há Céu, inferno, limbo e purgatório? Há Deus, Satã, anjos e demônios? Há trompetes celestiais e trombones bestiais? O que há, enfim, neste caminho pós-desconforto físico?

Sabem o que mais me intriga - não me apavora - e me excita neste assunto? O fato de eu nunca, em toda a minha existência, poder responder a tais perguntas! Nós, mortais, somente especulamos. E dentro deste poço de dúvidas, vêm a mim outras, adentrando a ficção: o que há no pós-morte de um vampiro? Sabemos de sua maledicência e de sua essência infernal, então, enquanto seu corpo paira no mundo mortal, onde sua alma eterna habita no período entre sua existência vampírica e sua morte completa? Para tais, existe reencarnação? Ou suas almas eternas estão para sempre condenadas antes e depois da morte propriamente dita? Só os seres com destino indefinido, como nós, têm a oportunidade de viver de novo? Sendo que, organicamente, o vampiro não exatamente vive, ele experimenta da chance de "estar" novamente? Ou sua alma eterna está para sempre presa à morada bestial?


Rum (não a bebida, mas a interjeição; falada de modo calmo e reflexivo, não efusivo). Adoro questões que não posso responder. Possuo um leque de outras tantas mal-organizadas em minha mente que não consigo externar. Estranho fascínio, porém, este que tenho por assuntos negros. Do mais brando e real, que é a morte, aos mais pesados e obscuros, como as idéias de Céu e inferno, de como chegamos nestes lugares e como deles podemos sair.




#TEORIA DE HOJE: Que, de fato, não podemos prever a hora em que a morte se aproximará com seus minutos precisos e fatais, não podemos negar, a não ser que a provoquemos em nós mesmos ou nos outros. Mas encerro este post de hoje sem uma teoria puramente minha, mas com palavras e idéias alheias que me chamaram atenção e das quais corroboro sem dúvidas. Eis aqui um trecho da fala do personagem Tod, do filme Premonição (o primeiro filme, do avião e tudo mais, muito melhor e mais original do que todos os outros de premonição do gênero suspense/terror que já assisti), horas antes de morrer de forma intrigante, inesperada e
inevitável (uma das melhores cenas de morte em que já pude botar estes meus olhos mortais!). Aproveitem.


Au revoir, camaradas.


"Mas quando nós dizemos isso, nós imaginamos que a hora se encontra em um futuro obscuro e distante. Nunca nos ocorre que ela pode ter qualquer ligação com o dia que já começou ou que a morte pode chegar nesta mesma tarde. Esta tarde... que é tão certa... e que tem todas as horas preenchidas com antecedência."